terça-feira, janeiro 27, 2004
42 (quarenta e dois) minutos
Quarenta e dois minutos, entre as 20:00 e as 20:42h, foi quanto durou ontem o assunto do futebolista Feher no telejornal da SIC.
Não foi masoquismo, mas sim, confesso, a mórbida curiosidade de ver até onde é que aquilo ía, que me levou a não mudar de canal.
As imagens do incidente foram despudoradamente repetidas mais quatro vezes, e em câmara lenta, pois claro! A mensagem de condolências da equipa do Futebol Clube do Porto foi transmitida duas vezes num intervalo de minutos. Entrevistaram tudo e todos, ainda que apenas remotamente tivessem alguma coisa a ver com o assunto. Colocaram as mais ridículas perguntas a tudo quanto é bicho-careta ansioso por trinta segundos de "fama". Transmitiram sem qualquer misericordiosa tentativa de interrupção o discurso indigente de um senhor dirigente. Foram até Coimbra falar com um senhor vereador da respectiva Câmara Municipal, que até ontem não tinha tido a oportunidade de aparecer a botar opinião em nenhum canal de televisão (Vereador? Da C. M. de Coimbra? Mas então aquilo não aconteceu em Guimarães? E o jogador não era Húngaro? E não jogava no Benfica, que é um clube de Lisboa? Ou será que o senhor vereador também está com falta de clientes, tal como penso estarem esta senhora, este senhor ou esta senhora, e se está a candidatar a um lugarzinho de acessor num qualquer departamento governamental?).
Será mesmo necessário explorar este tipo de acontecimentos desta forma? Será que o infeliz rapaz não mereceria melhor tratamento por parte dos - há quem lhes chame assim - orgãos de informação? Será que nós, espectadores, leitores e ouvintes, não merecemos melhor?
Não tenho palavras...
Nota de roda-pé: Haverá alguém naquela redacção que tenha reparado que a CNN, em imagens que vi transmitidas pela própria SIC, teve o decoro de não exibir sequer uma vez a queda do jogador, limitando-se a mostrar os momentos de agitação que se lhe seguiram?
Não foi masoquismo, mas sim, confesso, a mórbida curiosidade de ver até onde é que aquilo ía, que me levou a não mudar de canal.
As imagens do incidente foram despudoradamente repetidas mais quatro vezes, e em câmara lenta, pois claro! A mensagem de condolências da equipa do Futebol Clube do Porto foi transmitida duas vezes num intervalo de minutos. Entrevistaram tudo e todos, ainda que apenas remotamente tivessem alguma coisa a ver com o assunto. Colocaram as mais ridículas perguntas a tudo quanto é bicho-careta ansioso por trinta segundos de "fama". Transmitiram sem qualquer misericordiosa tentativa de interrupção o discurso indigente de um senhor dirigente. Foram até Coimbra falar com um senhor vereador da respectiva Câmara Municipal, que até ontem não tinha tido a oportunidade de aparecer a botar opinião em nenhum canal de televisão (Vereador? Da C. M. de Coimbra? Mas então aquilo não aconteceu em Guimarães? E o jogador não era Húngaro? E não jogava no Benfica, que é um clube de Lisboa? Ou será que o senhor vereador também está com falta de clientes, tal como penso estarem esta senhora, este senhor ou esta senhora, e se está a candidatar a um lugarzinho de acessor num qualquer departamento governamental?).
Será mesmo necessário explorar este tipo de acontecimentos desta forma? Será que o infeliz rapaz não mereceria melhor tratamento por parte dos - há quem lhes chame assim - orgãos de informação? Será que nós, espectadores, leitores e ouvintes, não merecemos melhor?
Não tenho palavras...
Nota de roda-pé: Haverá alguém naquela redacção que tenha reparado que a CNN, em imagens que vi transmitidas pela própria SIC, teve o decoro de não exibir sequer uma vez a queda do jogador, limitando-se a mostrar os momentos de agitação que se lhe seguiram?