segunda-feira, janeiro 26, 2004
Haverá algo mais privado?
Numa ronda por vários blogs li muitos posts sobre a exibição das imagens da morte do futebolista Feher. As únicas que vi foram-no esta manhã, na SIC Notícias. repetidas várias vezes, no espaço de poucos minutos, algumas sequências até em câmara lenta. Era a "informação" modelo 24Horas/TVI no seu melhor. Mas infelizmente não só.
No telejornal das 20:00h de ontem da SIC, a propósito das urgências dos hospitais, vimos chegar do Algarve (?), de helicóptero, a Sta. Maria, um senhor que tinha sofrido um acidente de motorizada.
Na última imagem que dele vimos estava em coma. Num qualquer termo técnico que não fixei, mas que era de grau 3, o que, pelas palavras de um médico que teve a amabilidade de nos esclarecer, quereria em linguagem vulgar dizer morto. Poderia a reportagem ter acabado por ali. Na sala de montagem poderia ter-se dado alguma dignidade a tudo aquilo, áquela morte e ao trabalho de toda aquela gente para a evitar. Mas para tal seria necessário que esse fosse o interesse.
Mas não era. Já no corredor, a jornalista coloca o microfone à frente do filho do senhor, faz-lhe uma pergunta que não recordo. Ao que ele responde que os médicos lhe mantiveram o pai vivo aguardando a sua chegada de França. As últimas palavras que ouvimos são já incompreensíveis.
No ar fica apenas - por uns segundos apenas, dirá a responsável, por uma eternidade, digo eu - o pranto daquele filho que chora a morte do pai. Haverá algo mais privado?
No telejornal das 20:00h de ontem da SIC, a propósito das urgências dos hospitais, vimos chegar do Algarve (?), de helicóptero, a Sta. Maria, um senhor que tinha sofrido um acidente de motorizada.
Na última imagem que dele vimos estava em coma. Num qualquer termo técnico que não fixei, mas que era de grau 3, o que, pelas palavras de um médico que teve a amabilidade de nos esclarecer, quereria em linguagem vulgar dizer morto. Poderia a reportagem ter acabado por ali. Na sala de montagem poderia ter-se dado alguma dignidade a tudo aquilo, áquela morte e ao trabalho de toda aquela gente para a evitar. Mas para tal seria necessário que esse fosse o interesse.
Mas não era. Já no corredor, a jornalista coloca o microfone à frente do filho do senhor, faz-lhe uma pergunta que não recordo. Ao que ele responde que os médicos lhe mantiveram o pai vivo aguardando a sua chegada de França. As últimas palavras que ouvimos são já incompreensíveis.
No ar fica apenas - por uns segundos apenas, dirá a responsável, por uma eternidade, digo eu - o pranto daquele filho que chora a morte do pai. Haverá algo mais privado?