sábado, março 20, 2004

Amadora

O Primeiro-Ministro afirmou numa entrevista esta semana não compreender a recusa da Bombardier em vender à Siemens Transportation Systems, a sua concorrente mais próxima(*) no mercado europeu de material ferroviário, a unidade de produção que actualmente detém na Amadora.

Não me considero particularmente clarividente, mas acho que entendo perfeitamente as razões da Bombardier.

A Bombardier, por razões de racionalização da sua estrutura, decidiu prescindir desta unidade de produção. A Siemens TS, aparentemente pelas mesmíssimas razões, precisa de uma outra fábrica, para além das que já possui — e se estiver pronta a laborar tanto melhor.

Parece-me que o que a Bombardier não quer — e a meu ver bem — negociar com ninguém é esta vantagem competitiva, e não uma unidade de produção que pode, alterados que sejam os pressupostos que a levaram agora a esta tomada de decisão, recriar na Amadora ou em qualquer outro lugar no Mundo.

(*) Segundo dados da UNIFE — Union of European Railway Industries, a quota de mercado da Bombardier era em 2001 da ordem dos 23%, a da Siemens TS 16%. O maior fabricante mundial de locomotivas é a americana EMD — Electro Motive-Division, da GM, logo seguida pela General Electric.
"In North America the black bear was seen by [Samuel] Hearne swimming for hours with widely open mouth, thus catching, like a whale, insects in the water. Even in so extreme a case as this, if the supply of insects were constant, and if better adapted competitors did not already exist in the country, I can see no difficulty in a race of bears being rendered, by natural selection, more and more aquatic in their structure and habits, with larger and larger mouths, till a creature was produced as monstrous as a whale."
Darwin, Charles; "The Origin of Species by Means of Natural Selection" (On the origin and transitions of organic beings with peculiar habits and structure)