quarta-feira, julho 14, 2004
À atenção de vários intelectuais e artistas
Ontem, na Sky News, pelo fim da tarde, passou uma reportagem da autoria de Emma Hurd, correspondente no Médio Oriente, sobre um "campo de férias" para miúdos palestinianos, situado algures em Gaza.
Creio que já foi entretanto retirada do ar, mas a sinopse da reportagem e algumas fotografias obtidas do vídeo podem ser vistas no sítio da Sky News.
A reportagem mostra essencialmente uma espécie de tattoo "pé-descalço" onde um grupo de umas quantas dezenas de crianças — algumas das quais nem dez anos aparentam — exibem os seus dotes em actividades que normalmente associamos ao treino militar, onde não falta o clássico rastejar sob arame farpado, musicalmente acompanhado por tiros de AK-47.
Exibida também a simulação de uma emboscada automóvel a um "colono Israelita", que, conforme tiveram o cuidado de esclarecer a repórter, estaria morto se fosse um colono a sério — e não um compincha, como era o caso, do Comité de Resistência Popular, que é a entidade gestora do "campo de férias".
A exibição termina com uma comovente cerimónia de entrega de diplomas aos graduados...
Veio-me na altura à memória uma notícia de há uns quantos dias atrás, acerca de um documento intitulado "Em Favor da Palestina", cujos subscritores são, entre outros, José "quem mais?" Saramago, Álvaro "Bonjour tristesse" Siza e Urbano Tavares Rodrigues.
Lê-se na notícia que:
Creio que já foi entretanto retirada do ar, mas a sinopse da reportagem e algumas fotografias obtidas do vídeo podem ser vistas no sítio da Sky News.
A reportagem mostra essencialmente uma espécie de tattoo "pé-descalço" onde um grupo de umas quantas dezenas de crianças — algumas das quais nem dez anos aparentam — exibem os seus dotes em actividades que normalmente associamos ao treino militar, onde não falta o clássico rastejar sob arame farpado, musicalmente acompanhado por tiros de AK-47.
Exibida também a simulação de uma emboscada automóvel a um "colono Israelita", que, conforme tiveram o cuidado de esclarecer a repórter, estaria morto se fosse um colono a sério — e não um compincha, como era o caso, do Comité de Resistência Popular, que é a entidade gestora do "campo de férias".
A exibição termina com uma comovente cerimónia de entrega de diplomas aos graduados...
Veio-me na altura à memória uma notícia de há uns quantos dias atrás, acerca de um documento intitulado "Em Favor da Palestina", cujos subscritores são, entre outros, José "quem mais?" Saramago, Álvaro "Bonjour tristesse" Siza e Urbano Tavares Rodrigues.
Lê-se na notícia que:
"O arquitecto Alcino Soutinho, outro dos subscritores do documento, classificou o comportamento da actual administração israelita como«particularmente agressivo» e lamentou que Telavive se mostre «muito pouco sensível» aos direitos do povo palestiniano. «É uma situação inacreditável sob o ponto de vista humano», afirmou o arquitecto à Agência Lusa".E ainda que:
No documento, [...] pede-se a outros intelectuais e artistas que «expressem a sua ânsia de paz», oferecendo criações próprias para um leilão a favor dos palestinianos, [cujo] montante apurado será entregue à representação da Palestina em Lisboa.Não poderão pois os "intelectuais e artistas" que respondam ao apelo dos subscritores do documento com oferta de "criações próprias para um leilão a favor dos palestinianos" e que assim decidam expressar "a sua ânsia de paz", alegar mais tarde desconhecimento do destino que o "montante apurado" iria, muito provavelmente, tomar: alimentar este, e outros, "campos de férias" para crianças.
