sábado, julho 24, 2004

Freud e o Príncipe

Tive o privilégio de assistir, via SIC, à apresentação — formal — da candidatura do Príncipe Herdeiro ao cargo de Secretário-geral do saco de gatos do Largo do Rato, que foi também, simultaneamente, a apresentação — informal — à Sociedade de SAR, o Infante Jonas.

A opinião que tenho de Freud, da psicanálise, da livre-associação, dos testes de Rorschach e quejandos não pode — não pode mesmo! — ser mais baixa, encontrando-se ao nível do zero absoluto. Mas por vezes acontecem-me associações curiosas, às quais não consigo deixar de atribuir algum significado e valor.

Desta feita, ao ouvir o nome do bébé Soares imediatamente me saltou à mente "Jonas qui aura vingt-cinq ans en l'an 2000", um filme de 1976, muito querido de tudo quanto foi esquerda soixante-huitard (hoje em dia talvez mais inclinada para o lado bon chic-bon genre...), realizado pelo suíço Alain Tanner

Esta sinopse do filme — pour francophones, hélas — não deixa espaço à imaginação de quem não o viu:
1975. Genève et ses environs. Mathieu et Mathilde Vernon attendent un enfant qui aura 25 ans en l'an 2000. Ils aimeraient qu'il connaisse un monde meilleur. Mathieu, ouvrier au chômage, s'engage comme journalier chez un couple de fermiers, Marcel et Marguerite Certoux. Parmi leurs amis, il y a Max, un ancien militant; Madeleine, une adepte de l'hindouisme; Marco, un professeur d'histoire contestataire; Marie, une petite caissière du prisunic. Tous espèrent que demain ne verra pas triompher l'argent et le profit...
Tudo muito gauche, muito nouveaux age, muito irrespirável incenso... "Tous espèrent que demain ne verra pas triompher l'argent et le profit..." Nem Francisco Louçã, pela pena do seu heterónimo Boaventura de Sousa Santos, o teria dito melhor.

PS - O "Jonas" tem uma sequela, realizada em 2000, de seu nome "Jonas et Lila, à demain", que, imagino, será ainda pior que o original. Imagino, porque não vi, ao contrário do original...
"In North America the black bear was seen by [Samuel] Hearne swimming for hours with widely open mouth, thus catching, like a whale, insects in the water. Even in so extreme a case as this, if the supply of insects were constant, and if better adapted competitors did not already exist in the country, I can see no difficulty in a race of bears being rendered, by natural selection, more and more aquatic in their structure and habits, with larger and larger mouths, till a creature was produced as monstrous as a whale."
Darwin, Charles; "The Origin of Species by Means of Natural Selection" (On the origin and transitions of organic beings with peculiar habits and structure)